02/05/2009

PAIXÃO E MORTE DE NÓS MESMOS

photoscannerNB

Nino Bellieny

Morremos um pouco à cada frase mal pronunciada ou mal interpretada.Morremos quando uma pessoa querida escolhe um outro lado das coisas onde não quer ser vista nem ouvida.
Há morte quando,até podemos ver e ouvir,mas, não somos nós os percebidos, jogados no limbo de nossas incoerências e da voraz sede de reconhecimento a qualquer preço.Vamos morrendo por indiferença e por excesso,como planta esquecida ou aguada demais.Já estamos quase mortos ao cerrarmos os portões por dentro, escondendo a chave e não deixando entrar o acaso.
Estamos morrendo ao matar o sonho do outro e o nosso, ao mergulhar no lento suicídio da falta de esperança, do excesso de mesmice em copos de desespero.De assassinatos verbais estamos cheios.De julgamentos sumários réus somos.Esclarecidas vítimas, educados carrascos, matadores de aluguel e alvos permanentes. Morremos avacalhando nossas vidas em conversas sem conteúdo, em ataques de inveja e perfídia.Um veneno nada doce escorrendo do canto de bocas desenhadas em charmosos sorrisos. Frases mortais disparadas pelas costas, solenes projéteis disfarçados em pensamentos altruístas e elegantes. Matamos e morremos, ocultamos corpos, escondemos provas e só às vezes, pouquissimas vezes, nos lembramos,fazendo questão de não acreditar, que, acima de nossas pálidas cabeças, um Supremo Juiz a tudo assiste.

Um comentário: