23/03/2009

A VIDA É SELVAGEM NO JARDIM

NINO BELLIENY

Por ter vivido muitas experiências, Júlio acha que isso o protege dos perigos novos .Quando era criança,levou uma ferroada de marimbondo e ficou com o rosto inchado por muitos dias.Até hoje,ao ver um ,se arrepia e sai de perto. Já com a política é mais destemido e pensa saber muito. Entusiasmado, articulador e conhecedor de armadilhas. Na verdade, ele pensa conhecer. Participa intensamente e colabora de forma decisiva com os candidatos ajudando-os a se elegerem. Em cada eleição, aprende algo novo. Esquece tudo, porém, na próxima. Vai caindo e se levantando, prometendo para si mesmo não vacilar outra vez.Diz que não vai mais acreditar em qualquer um e exigirá garantias dos que se dizem salvadores do município,mas,que depois, se mostram mesmo, excelentes salvadores das próprias finanças.Júlio tem um ideal e bons sentimentos. Preocupa-se com os verdadeiramente pobres e os inúmeros problemas da comunidade. Quer ver o analfabetismo erradicado, as ruas bem cuidadas, casas para todos, segurança, saúde firme e o dinheiro público sendo administrado de forma honesta. Para ele, o líder deve ser popular e simpático não apenas durante a campanha. Júlio é um bom sujeito. Nem deseja ter um salário sem trabalhar como o de tantos que nem precisam passar no banco no dia de pagamento. Não quer sorrir sem ter vontade só porque aquele homem ali na esquina tem muito poder e muita gente está perto para pedir a benção e alguns trocados... algo assim como um empreguinho para a filha professora,o genro motorista e se possível, para a mulher,”pois, qualquer coisinha serve”. Júlio tem amor pela cidade onde mora e acredita ser melhor aquilo que beneficia a todos e não somente a um grupo. Júlio é gente boa... um homem de ideias limpas e coração puro.Talvez, por isso ainda não tenha entendido como no mundo- de- faz- de- conta da política, marimbondos nunca deixam de ser marimbondos. Apenas, durante algum tempo, se disfarçam de borboletas.

 

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