23/03/2009

TEM POUCA DIFERENÇA

NINO BELLIENY

 

Não posso controlar tudo para o mundo ficar perfeito do meu jeito.Não dá para evitar as decepções.Elas vem tipo uma carreta desatinada na Br-101 em minha direção num dia de chuva e nem sempre tenho tempo de desviar-me num golpe de reflexo ao volante.Não tenho a maneira de sair da frente do trem do acaso ou da queda obstinada de um avião chamado destino.Não há como escolher no cardápio diário só alegrias e boas notícias.O planeta não foi feito só para mim. Na verdade, nem sei se ainda saberei qual o motor principal da máquina de minha vida: destino ou acaso, sorte ou azar.Todos os dias me ergo do colchão com a idéia fixa no melhor que eu puder fazer.Nem sempre depois do café com rotina e as manchetes dos jornais on-line permaneço no mesmo foco.Há um leão em cada esquina e para escapar deles tenho que ser um também.Santo dia, porém, será aquele em que eu chegar até o outro lado da rua sem precisar usar da ferocidade.Passar pelo trabalho sem o uso das garras.Urrar só quando o meu time fizer o gol da vitória.

Em todas as horas, dicotomias: ser bom ou ser justo, ser duro ou ser amável, engolir sapos ou vomitar crocodilos, sobreviver na selva, enfim.

Já que não dá para fazer tudo, então, do meu jeito, uma coisa ou duas eu sei que posso:deixar o caminho aberto para o incontrolável.Sendo do meu gosto ou não, do modo como desejo ou não, as coisas virão.Como caminhões desgovernados ou bem dirigidos, virão.E do mesmo modo veloz,partirão.A minha reação diante delas é que determinará o fato seguinte.Pois ,não há cola que fixe um momento.Ótimo ou péssimo,voará sempre para outros itinerários.Só a imperecível memória,moleque de certeiro estilingue,pode ou não incomodar.Mas,isso,é uma outra história.

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