02/05/2009

NÃO EXISTE RECEITA

ÃO EXISTE RECEITA

Nino Bellieny

Para esquecer alguém não existe receita.Quanto maior o esforço, maior a resistência. Isto não é apenas mais uma
filosofia de bar, mas, principalmente uma questão de Física. É como tentar empurrar uma pedra de meia tonelada sem a ajuda de meios necessários... para esquecer alguém é preciso alguns equipamentos e eles não estão disponíveis no mercado. Não podem ser confundidos com pessoas que entrarão em sua vida e não em seu coração. Se entrarem, não significa expulsar antigos inquilinos para a acomodação de outros. Eles não saberão, a não ser que sejam comunicados, que coexistem e são moradores de uma assombrosamente espaçosa casa.
Não se cruzarão pelos corredores, não usarão o mesmo banheiro nem a piscina, só o dono do imóvel saberá que naquele espaço, almas diversas caminham eternas.
Querer esquecer alguém, provavelmente, será por
algum tipo de mágica errada ter acontecido. Uma palavra afiada cortando a carne, sangrando somente por dentro; uma negativa amorosa; algumas formas de indiferença; várias traições sintetizadas em uma única, a decisiva e reveladora traição; uma amizade interesseira... enfim, são muitas as maneiras de machucar, até na tentativa de defender-se..
Esquecer alguém só é possível... não esquecendo!
Cultivando com carinho, mesmo que pareça ser a mais dolorosa alternativa.
Perdoando... entendendo que não se pode culpar ninguém que fez, faz e sempre fará parte da vida de quem deixou que parte fizesse.
Também perdoar-se. Não culpar-se
por isto, mas reconhecer, que se alguém entrou, foi por encontrar a porta aberta e como na piada do cachorro e a igreja, ter saído quando quis.
Ainda que trancado, quem deseja ir, mesmo com o corpo aprisionado já está longe faz tempo.
Seria imperdoável manter uma pessoa contra a própria vontade. Um tipo de piedade, uma chantagem emocional, que, não passaria de cárcere privado mesmo sem o uso da violência física.
Então, para viver-se
em paz, procura-se o aparentemente impossível : banir do solo sagrado da memória afetiva, a imagem da pessoa querida, o som da sua voz, as palavras de quando havia carinho, os momentos de encantamento.
Na luta para não lembrar, mais se lembra. Uma batalha naval onde os neurônios atiram torpedos uns contra os outros e não conseguem a vitória do esquecimento.
A intensa guerra atiça as recordações do cheiro, do sabor dos beijos, da consistência da pele de alguém que foi muito especial e de algum modo continuará sendo.

Esquecer alguém não é imediatamente trocar de alguém.
É deixar de ser ninguém .

Um comentário:

  1. Nino,
    Visita este blog http://grifoplanante.blogspot.com/

    tem fotografias extraordinárias.

    :)

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