15/04/2009

MACROFAGIA

NINO BELLIENY

Se eu disser  que não disse quem vai acreditar?Se eu falar que falei,também não.

Então eu não digo e o não dito tem a força de um grito,só ouvirá quem sabe ouvir.

O não-dito pode ser o maldito.Ou o bendito.Eu não peço para você me entender pois não desejo ser entendido e nisso não há duplo sentido,eu realmente não desejo ser compreendido ou você sente ou não sente as palavras e se as  sente sabe que quase sempre elas são desnecessárias.Moço ou moça lendo –me aqui: em mentira vos digo:penso,logo desisto.Por isso quero sentir.Olhar e não raciocinar,ouvir  e não derreter o cérebro com tabelas geométricas em infinita progressão sobre o que desejaram comunicar-me. Se foi uma coisa e a intenção era outra,se o elogio era uma crítica,se me sorriram ou foi só uma careta.Chega de interpretações de texto e supositórios sem fim:não farei de cada frase uma alternativa,quem quiser que conte outra.Pão será pão,pedra será pedra e do modo como vierem me alimentarei ou construirei a minha casa .Não posso escolher o que me jogam,porém,posso aproveitar os resíduos como bem quiser.Desejo o mesmo para a sua mente e o seu estômago.

2 comentários:

  1. Como costumo dizer: sufixos, prefixos e crucifixos são apenas pra confundir. Não adianta adiantar a fala pois se se fala é pra demonstrar ou explicar o sentir. A fala é falha, nem sempre cala o bastante para ser o bastante. E em outras vezes a falta da fala não faz falta nenhuma. Desata, em nós, os nós do sentir.

    Abraço cara.

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  2. Poesia é isso, desata, em nós, os nós do sentir, a gente faz mas não diz. O verdadeiro amador de poesia ama o silêncio!

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